O seu corpo estava deitado na cama. Os olhos cerrados eram a prova de que estava num sono profundo. Enquanto tudo parecia imóvel e inerte, num silêncio tranquilo, a sua mente viajava.
Viajava naquela praia de areia fina que lhe queimava os pés. Ia em direcção ao mar azul. Ao chegar à areia molhada, sentiu o seu corpo a refrescar. Uma suave brisa transportava a maresia. Entrou na água que, a pouco e pouco, envolveu o seu corpo. Deixou-se flutuar e sentiu-se livre, perdida na imensidão da beleza. Estava em paz com ela própria e com o mundo.
Subitamente, um estrondo fez estremecer a cama e quebrou aquela sensação. Ela acordara. Acordara para a realidade destruidora de sonhos. Mas, apesar do cheiro agoniante de morte que começara a invadir o ar, ela recordou-se do sonho que tinha tido e que a levara para longe da crueldade da guerra. Resolveu que ainda naquele dia teria de o realizar. Queria poder acreditar que era possível sentir paz.
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