
Há horas em que dissipo as sombras
E estanco a dor.
Há horas em que me torno invencível
E exilo o medo.
Mas como poderia eu saber
Que haveria horas
Em que irias assombrar o meu ser
E que precisaria do teu sopro
Para vencer a minha solidão?
Há horas em que as notas soltam melodias
E as lágrimas se evaporam.
Há horas em que as águas são espelhos
E a lua, berço de sonhos.
Mas como poderia eu saber
Que haveria horas
Em que o caminho apagaria a luz das estrelas
Levadas pelo vento
E que as noites perderiam as pálpebras
Que guardavam o meu sono?
Há horas em que o meu pensamento desfalece
E se torna mármore sem veias.
Há horas em que já não sou deste mundo
E que nem de mim sou.
Pois como poderia eu saber
Que haveria horas
Em que precisaria da tua mão
Para manter o meu equilíbrio
E que precisaria das tuas palavras
Para não calar o meu coração?