terça-feira, outubro 31, 2006

A rosa


Rosa.Tu és a rosa
De pétalas delicadas,
Perfumada e formosa,
De graças encantadas.

Teu nome é Primavera,
Tuas folhas, esperança,
Doce e sincera,
Veludo e benquerança.

Versas a beleza,
Cantas o amor
Com toda a destreza,
Mostras o teu sabor.

Choras as dores
E a tua revolta.
Lágrimas, cem cores
Caem à tua volta.

Rosa. Tu és a rosa,
Aquela que eu escolhi.
Eternamente talentosa,
A felicidade do mundo para ti.

Este poema é dedicado à minha querida amiga Vera.

segunda-feira, outubro 30, 2006

A vida não é poesia


Quero esquecer a poesia.
A vida não é poesia.
A realidade é nua e crua
E o brilho da lua
Nem sempre inspira os apaixonados
Nem torna os desencantos prateados.

Quero esquecer a poesia.
A vida não é poesia.
A guerra não é um eufemismo.
A natureza não é um animismo.
A morte não se torna menos dura
Na melodia das rimas que perdura.

Quero esquecer a poesia.
A vida não é poesia.
As feridas não são rosas encarnadas.
As lembranças não são borboletas encantadas.
A chama iluminada do amor
Não queima o sentimento de dor.

Quero esquecer a poesia.
A vida não é poesia.
As lágrimas não são gotas de cristal.
A amizade nem sempre é um madrigal.
O nosso limite não é o céu.
A saudade não é um véu.

Quero esquecer a poesia.
A vida não é poesia.
Quero sentir friamente.
Quero pensar racionalmente.
Quero deixar de sonhar.
Quero apenas gritar.

sábado, outubro 28, 2006

O sabor



Bebo a tua doce poesia
Que desliza, me extasia,
Na minha boca sedenta
Da tua beleza ardente.

No meu corpo inebriado
Escorre o prazer letrado
Das tuas rimas de candor,
Dos teus versos de esplendor.

E se a minha boca tocares,
Com teus lábios me beijares,
Provarás ainda o sabor
Que deixaste do teu amor.

sexta-feira, outubro 27, 2006

Nós


Quero-te a ti.
O "Nós" entre nós vem lentamente,
Docemente.
O sonho é envolvente.
O sentimento é infinitamente
Puro em mim e em ti.

De coração apertado,
O "Nós" invadiu-me delicadamente,
Profundamente.
O desejo é adjacente.
O olhar é intensamente
Penetrante e enamorado.

Livre, de asas abertas,
O "Nós" viajou majestosamente,
Esplendidamente.
O amor é imanente.
O compromisso é idilicamente
Sentido nas emoções entreabertas.

quinta-feira, outubro 26, 2006

Para te amar

Fica aqui junto de mim.
Deixa-me sentir-te assim,
A minha mão na tua mão,
Unidas com emoção,
A fitar o horizonte,
Esse horizonte que é uma fonte
De sonhos e esperanças,
De desejos e benqueranças.
Juntos vamos olhar,
Juntos vamos imaginar
O sabor do amar
E vamo-nos soltar
Naquele abraçar.
Peito contra peito,
Tudo parece tão perfeito.
O tempo vai parar.
Nada nos pode separar.
A ti me vou entregar.
Em ti me vou abandonar
Sem medo, sem fim,
Tu dentro de mim,
Para te amar,
E amar,
E amar,
E amar,
Devagar...

quarta-feira, outubro 25, 2006

O desejo


Talvez seja loucura,
Talvez sonhe demais,
Mas desejo tua ternura.
Teus olhos foram fatais.

Quero sussurar ao teu ouvido,
Beijar docemente o teu pescoço
E, num suspiro comovido,
Do meu amor fazer-te um esboço.

Pelos teus braços envolvida
Serei rainha sem coroa.
Pelos teus beijos aquecida
Serei borboleta que voa.

E, se disseres que me amas,
Dir-te-ei que te amo também.
Nossas almas serão chamas
Com força para ir mais além.

terça-feira, outubro 24, 2006

O tempo


Os dias passam devagar.
Ao destino me vou entregar.
De que serve eu lutar
Se um dia tudo vai acabar?

Tento agarrar-me a alguma paixão,
Algo que me desperte a atenção,
Mas tudo escoa do meu coração
Por um buraco chamado desolação.

Por isso, se me quiseres amar,
Tens de depressa tudo aproveitar
Porque em breve me vou esvaziar,
Às sombras me vou entregar.

E quando vires este corpo sem emoção,
Pálido, gelado, despojado na abnegação,
Lembra-te que depressa os vermes virão
Para se alimentarem da sua condição.

segunda-feira, outubro 23, 2006

A porta


Sou daquele que me transporta.
Sou daquele que me suporta.
Estou no coração que comporta
O desejo que aporta.
Para ele nada mais importa
Mesmo quando, deste mundo, a espera o deporta.
Hoje, o átomo do amor se teletransporta
Desta minha vontade que se exporta.
Do meu coração abri a porta!

domingo, outubro 22, 2006

Quando a noite cai


Quando a noite cai,
Lânguida de melancolia,
Revivo a doce fantasia
Daquele amor que já lá vai.

Envolvida na tua magia,
Sussurro-te segredos insuspeitos,
Conto-te meus sonhos desfeitos
Ao som da lunar melodia.

Amante e doce confidente,
Testemunhas a minha solidão
Vazia do calor da paixão,
Saudosa do amor ardente.

És a minha companhia fiel,
Cúmplice dos gemidos mudos,
Dos meus discursos absurdos
Contra o mundo que me é cruel.

sábado, outubro 21, 2006

O amor metafórico


Não te quero sabendo que te quero
E, por querer-te, desejo nunca te ter.
Como funâmbula na corda da vida espero
Não cair na tentação que me está a absorver.
Nem sei porque é a ti que quero.
Talvez seja poesia o que está a acontecer,
Um amor metafórico
Que quer ser eufórico,
Um sentimento em que me morro
Porque não quero saber que te quero meu amor.

sexta-feira, outubro 20, 2006

O desenho


Amor,
Desenha-me do Sol o calor!
Amor,
Desenha-me da flor o odor!
Amor,
Desenha-me da carícia o candor!
Amor,
Desenha-me do beijo o sabor!
Amor,
Desenha-me da paixão o ardor!
Amor,
Desenha-me do sonho o esplendor!
Amor,
Desenha-me da vida o alvor!

O meu amor pegou numa folha de papel virgem e, com delicadeza, desflorou-a com traços
quentes,
perfumados,
ternos,
doces,
apaixonados,
brilhantes,
iluminados.

O meu amor desenhou...
um poema!

quinta-feira, outubro 19, 2006

A tua mão


Amor, perdoa os meus momentos de loucura!
Serena-me nos teus braços de brandura!
Preciso do teu colo para me sentir segura!
Preciso do teu calor para afastar a amargura!

Às vezes, deste mundo cruel desejo fugir.
Queria ter forças suficientes para conseguir
Dispersar esta núvem negra e descobrir
De novo a luz que um dia fizeste eclodir.

As memórias e as culpas me atormentam.
A tristeza e o cansaço em mim pesam.
No chão caio. A esperança e o sonho não levantam
E, derrotada, entrego-me às lágrimas que não secam.

Amor, por isso mais uma vez te peço perdão.
Só tu tens a força para me chamares à razão.
Deixa abrigar-me no calor da tua paixão!
Guia-me de novo para a vida com a tua mão!

quarta-feira, outubro 18, 2006

O beijo


Quero dar-te um beijo
Sem pejo.
Um beijo solto,
Maroto.
Um beijo molhado,
Apaixonado.

Quero dar-te um beijo
Sobejo.
Quero e dou.
Enfeitiçou.
Teus lábios despudorou,
Queimou.

Dei-te o beijo
Sobejo, sem pejo.
Tua boca adorou.
Desejou
Outro beijo,
Outro beijo,
Outro beijo
Que eu dou.

Minha boca decorou
Tua boca.
Desenhou
E quis,
Sem rodeios subtis,
Conhecer os ardis
Da tua língua
Sem míngua.

Língua na língua,
Lábios nos lábios,
O beijo aprofundou,
Saboreou,
Deliciou,
Excitou,
Extasiou,
Apaixonou.

O beijo beijou-nos,
Aprisionou-nos.
O beijo partilhou,
Emocionou.
O beijo
Que te dei.
O beijo
Que amei.

terça-feira, outubro 17, 2006

O segredo


Abraça-me como se não houvesse amanhã!
Abre-me como se eu fosse uma romã!
Devagar verás que escondo a doçura.
Prova-me e saberás o que é a ternura.

Despertarei em ti todos os sentidos.
Darei vida a todos os teus sonhos perdidos.
Não tenhas medo, para ti vou me despir.
Mais do que um corpo, verás o meu coração a sorrir.

E assim, um ao outro em entrega,
Num apetite insaciável que o desejo alega,
Descobriremos lentamente o prazer extasiante
Do encontro da tua fome e do meu segredo deleitante.

segunda-feira, outubro 16, 2006

A viagem de Ofélia

Ofélia, Salvador Dali


No clarear da aurora,
Nas brumas de outrora,
Ofélia afogou-se,
Ao rio entregou-se.

Tranquilos os dois,
Sem pensar no depois,
Deslizam sobre a vida
Numa entrega incontida.

Os teus cabelos espalhados,
Longos, loiros, deitados
Debaixo dos pinheiros do monte
Corriam como uma límpida fonte.

Como uma folha morta,
Tão serena e absorta,
O teu rosto tão pálido
Já não estava cálido.

E o teu branco vestido,
Molhado e indefinido,
Do teu corpo revelava a forma
Na transparente plataforma.

Ofélia assim partiste
E eu, só, fiquei triste.
A corrente te levou.
A água te purificou.

domingo, outubro 15, 2006

O luto


Como as folhas que se deixam cair,
A minha vida é um Outono de pranto.
Faço o luto de querer tanto
Que meus ecos consigas ouvir.

Nesta solidão não mais quero viver.
As minha emoções foram humilhadas.
E de nossas vidas partilhadas
Ficaram só lembranças do meu sofrer.

Por isso ao vento me vou entregar.
Ele que me leve para onde quiser.
Aceitarei serenamente o que me propuser
Para desses grilhões de mágoa me libertar.

sábado, outubro 14, 2006

O esboço


Grafismos de ideias
Esboçados no papel,
Como sangue nas veias,
Como carícia na pele,
Correm e deixam marcas
Em mim e em ti,
Desejam ser monarcas
E reinar por aí,
Até onde chegarem
Aos olhos do mundo,
Até onde tocarem
Nas emoções bem fundo,
E se mostrarem a realidade
Acreditemos com devoção,
E se não forem verdade
Viajemos na imaginação!

sexta-feira, outubro 13, 2006

O prazer


Tela
Tão bela
A tua pela
Tatuada na minha pele

Toca
Toca-me
Com tua boca
Até eu ficar louca

Paixão
Quente tensão
Passa tua mão
Acaricia a minha tentação

Prazer
Ter-te
No meu ser
Todo nu a estremecer

Orgasmo
Sem pasmo
Nem nenhum pleonasmo
Mas num intenso espasmo

quinta-feira, outubro 12, 2006

A noite



A noite, de mãos delicadas,
Esculpe a abóboda celestial,
Cria o trono do Universo divinal.

A noite, de mãos adornadas,
Enfeita o céu com diamantes,
Ilumina a Lua para os amantes.

A noite, de mãos de fadas,
Concede desejos de paixão,
Desperta a magia do coração.

quarta-feira, outubro 11, 2006

A tempestade


Perdidos no meio do negro mar,
Os marinheiros, com valentia, estavam a lutar
Contra a tempestade colossal que os queria afundar.

O navio vulnerável balançava nas ondas sem parar
E as vagas agigantavam-se para o inundar.

Todos estremeciam com o pavor de virar,
Pois o casco e o mastro estavam a estalar.

O vento, furioso, as velas violentadas tentava rasgar.

Instável, o leme já não se deixava governar.

Indo ao sabor do revoltoso mar,
Assim estavam aqueles homens a navegar
Vendo dolorasamente suas vidas a naufragar.

terça-feira, outubro 10, 2006

A inspiração


Como um alvo vértice de pureza
Que brota da fonte do coração
Mais límpido que qualquer devoção,
Bebo de ti toda a tua beleza.

E nessa bela e sublime grandeza,
Entrego-me à purificação
Das doces lágrimas da emoção
Que do meu ser se soltam em leveza.

Ó inspiração! A ti devo a vida!
Tua linda luz me fez renascer
Das cinzas onde eu estava escondida.

Tu! Tu és esse magnífico ser
Que me ajuda a sentir protegida
E o amor-próprio engrandecer.

segunda-feira, outubro 09, 2006

A chuva


A chuva cai
No meu coração.
Melancólico se esvai
Libertando a comoção.

Em tons de monotonia,
A minha alma pinto,
E a triste sinfonia
Retrata o que sinto.

Também chove lá fora
Pingas indolentes
E a natureza chora
Lágrimas ingentes.

A terra bebe o pranto
E absorve a dor.
Eu, involta no manto,
Entrego-me ao torpor.

domingo, outubro 08, 2006

A volúpia


Diluviano é o prazer que corre e escorre impetuosamente nos canais carnais do meu corpo suado, molhado, inundado e luxuriante de volúpia, contorcendo-se lascivamente na cadência da respiração ofegante e ofuscante que inebria em torrente o meu desejo sobejo.
No fim, arrastada e arrebatada pelas correntes tempestuosamente intensas da minha arrojada entrega, fico despojada de mim própria e repouso inerte e pacífica mas purificada, unificada e libertada.
Depois, virá a calmaria serena e amena que me disfarçará com as suas vestes de quotidiano social, formal, banal.
Tudo escondido.
Tudo contido.
Tudo seco.

sábado, outubro 07, 2006

O abrigo


Gostaria que minha voz ouvisses,
Mesmo em exílio do teu coração,
Que te libertasses dessa prisão
E que do peso das mágoas fugisses.

Queria que as penas me confessasses,
Que o silêncio não fosse solidão.
Caminharmos na mesma direcção,
Com amor sincero te aproximasses.

Ser para ti o refúgio leal.
Ser a tua alma gêmea e a presença
Que ouve e não fica na indiferença.

Quero ser p'ra ti asilo ideal,
Abrigo que te acolhe a diferença,
A plenitude em sua omnipresença.

sexta-feira, outubro 06, 2006

O adeus


Adeus! Meu lindo e terno amor, adeus! Parti.
Foge de mim! Fui indigna do teu amor,
E agora o meu coração chora com a dor
Cobarde de nunca se ter entregue a ti.

A minha alma é como a vil erva daninha
Que se instala e destrói tudo em seu redor.
Liberta as tuas asas! Voa como condor,
Meu amor! Entrega-te a quem te acarinha!

O crime mais hediondo eu cometi.
Sem dó, sem arrependimento te menti
Em cada amargo momento em que te beijei.

Vai, amor! Para longe, para sempre, vai!
Limpa a lágrima de saudade que cai!
Infame, eu te enganei. Nunca te amei.

quinta-feira, outubro 05, 2006

O poeta


Em tudo existe poesia.

No coração que palpita por amor;
No coração que sangra com dor.
Na lágrima que se solta por emoção;
Na lágrima que rola com desolação.
No beijo que unifica a paixão;
No beijo que anuncia a separação.
Na mão que afaga o cabelo;
Na mão que desespera em apelo.
No sorriso que revela a alegria;
No sorriso que oculta a melancolia.
Na palavra que ilumina o teu mundo;
Na palavra que derruba para o fundo.

Em tudo existe poesia,
E tu, poeta, não o podes negar.
É essa a tua afrodisia.
Deixa a tua alma rebentar!

quarta-feira, outubro 04, 2006

A ruptura


Convidaste-me para tomar café
E eu fui ter contigo plena de fé
De que iríamos resolver os nossos problemas,
Conversar acerca dos teoremas
Mas, num tom grave e frio,
Atiraste-me sem pausas o teu discurso sombrio
E eu, incauta, fiquei atordoada
Como se tivesse sido abalroada
Pelo teu abrupto "Não te amo mais"
E pelo cruel "Não me procures jamais".
A nossa história acabou assim.
Para os meus sonhos e planos foi o fim.
Sei que nunca poderemos ser amigos.
Num instante tornámo-nos inimigos.
Partiste lançando-me um duro adeus
E eu fiquei me perguntando se há Deus.
Fiquei mais um pouco sentada.
Na verdade, estava totalmente aterrada.
No meu pensamento atropelavam-se recordações.
Dos nossos momentos bons fiz compilações.
Levantei-me e comecei a deambular pela ruas
Sentindo apenas cheiros e sabores de amarguras.
Ao chegar a casa, atirei-me para cima da cama
Mas mais parecia que estava deitada na lama.
Fechei os olhos não querendo nunca mais acordar.
É isso que se sente quando já não se pode conjugar o verbo amar.

terça-feira, outubro 03, 2006

O roubo da lua


Pedi-te a lua.
E tu por amor disseste que a ias buscar.
Partiste num final de tarde pelo caminho dos sonhos em direcção ao ocaso do horizonte. Quando lá chegaste, já tinha caído o véu da noite e a lua redonda estava a acordar.
Com um silencioso cuidado, aproximaste-te devagar para ela de nada se aperceber e, vendo que ela estava distraída a conversar com as estrelas luminosas, a agarraste e embrulhaste no teu saco de magia para a esconder.
Mas as estrelas, agora furiosas por verem a sua rainha a ser roubada, uniram-se em astro cadente e, com a força de um trovão, despedaçaram o teu coração e transformaram-te em cinza prateada. De seguida, a lua libertaram e esta retomou majestosamente o seu lugar para de novo o céu sombrio iluminar.
Foi o luar que me contou o que tinha acontecido.
Por tanto sonhar, percebi que te tinha perdido.
Mas, apesar de não mais te poder tocar, vejo-te nos reflexos de prata que o luar pinta no mar. E esse brilho ninguém jamais mo poderá tirar.

domingo, outubro 01, 2006

A pintura


Eu gostaria de ser pintora!
Pegar numa tela nua
E acariciá-la com traços cuidadosos
Em movimentos harmoniosos.
Suavemente e com mestria,
Misturar cores em matizes subtis
Para abrir a janela da imaginação
E a porta do coração.
A pintura é um poema!
Olhar para ela
É sem palavras ler emoções,
É despertar todas as sensações.