sexta-feira, março 30, 2007

Horas


Há horas em que dissipo as sombras
E estanco a dor.
Há horas em que me torno invencível
E exilo o medo.
Mas como poderia eu saber
Que haveria horas
Em que irias assombrar o meu ser
E que precisaria do teu sopro
Para vencer a minha solidão?

Há horas em que as notas soltam melodias
E as lágrimas se evaporam.
Há horas em que as águas são espelhos
E a lua, berço de sonhos.
Mas como poderia eu saber
Que haveria horas
Em que o caminho apagaria a luz das estrelas
Levadas pelo vento
E que as noites perderiam as pálpebras
Que guardavam o meu sono?

Há horas em que o meu pensamento desfalece
E se torna mármore sem veias.
Há horas em que já não sou deste mundo
E que nem de mim sou.
Pois como poderia eu saber
Que haveria horas
Em que precisaria da tua mão
Para manter o meu equilíbrio
E que precisaria das tuas palavras
Para não calar o meu coração?

segunda-feira, março 19, 2007

O tempo das perguntas


De tanto nos encontrar querermos,
Acabamos por mais nos perdermos.
E de só para nós próprios olhar,
Tornamo-nos frios como um glaciar.

De tanto querer os "porquês" procurar,
Acabamos por os "como" encontrar;
Como pude fazer isto ou aquilo
Na torrente do tormento intranquilo.

Como um desejo de alienamento,
De volatização do pensamento,
Ao silêncio, abandono-me.

Se o tempo é templo da vida e da morte,
Entretanto esqueci que ele é meu consorte.
Em silêncio, abandono-me.

sexta-feira, março 16, 2007

Pudesse eu


Pudesse eu não te mostrar
O quanto te amo...
O brilho dos meus olhos apagar
Quando te vejo,
O arrepio da minha pele disfarçar
Ao sentir o teu beijo.

Pudesse eu dizer não
Ao teu e ao meu desejo.
Calar o bater do coração
Vendo teu corpo nu sem pejo.
Esconder os sinais de emoção
Perante o teu cortejo.

Pudesse eu não te dar a certeza
Que sem ti não posso viver,
Que da minha fortaleza
O único rei irás ser.
Pudesse eu não ter a franqueza
De afirmar que por ti posso morrer.

quarta-feira, março 14, 2007

Anjo falhado


Sem asas, caí do céu
E na terra tive de caminhar.
Cruel destino o meu
Que já não me permite voar.

Cada passo é uma pena pesada
Neste labirinto escuro.
Sou uma pobre alma penada
E nem a vida, nem a morte procuro.

Não consigo avistar o horizonte,
Nem uma réstea de ilusão tenho.
Da esperança secou a fonte.
Em mim, só o vazio contenho.

Ó Deus, sou um anjo falhado!
Nem em mim soube acreditar.
Sou um sonho humilhado
E nem Tu me podes salvar.

terça-feira, março 13, 2007

Desafio 7

Depois da minha amiga Farinho me ter desafiado, a minha alminha Vera volta a insistir no mesmo desafio não me dando assim a hipótese de me fazer de esquecida... Então, a custo, aqui vai:

7 coisas que faço muito bem:

- francesinhas;
- feijão preto;
- amor;
- ouvir as pessoas;
- conduzir;
- brincar com a minha filhota;
- sudoku.

7 coisas que detesto:

- mentira;
- traição;
- ser ignorada;
- chicos-espertos;
- fumo do tabaco;
- chuva;
- favas.

7 coisas que me atraem no sexo oposto:

- inteligência;
- sentido de humor;
- sensibilidade;
- compreensão;
- honestidade;
- carinho;
- bom amante.

7 coisas que costumo dizer:

- amor (seguido de qualquer sinal de pontuação);
- Inês, não sejas teimosa!;
- a Inês é tão safada!...;
- porra p'ra isto!;
- enfim...;
- pois, pois!...;
- este pc é tão lento!!!.

Se tiveram paciência para chegar aqui, ficaram a saber um pouco mais de mim.
Aproveito para agradecer a todos os que têm também paciência para ler os meus versos e a todos que simpaticamente deixam comentário. É muito bom sentir a vossa presença!
Um grande beijinho para todos.

sexta-feira, março 09, 2007

Paraíso perdido


Que a serpente seja maldita
Pois é a causa da nossa desdita.
Para longe, atira-a!
Com força, pisa-a!
No chão, fica, desgraçada;
Pelos vermes, despedaçada!
Que nada de ti sobre
Pois nada tens de nobre!
O Éden nos retiraste.
A vida eterna nos roubaste.
Não quero mais saber de ti.
No mais fundo de mim te destruí.

A natureza tem armadilhas
Que do pecado são as filhas.
Tão fácil é a tentação!
Tão venenosa é a ilusão!

quarta-feira, março 07, 2007

Quando acordares


Quando acordares,
Quero que saibas
Que o raio de sol
Que calorosamente trespassa a tua janela branca
Sou eu;
Que a ave
Que alegremente canta no ramo verde
Sou eu;
Que a flor
Que delicadamente abre as suas pétalas vermelhas
Sou eu.

Quando acordares,
Quero que saibas
Que sempre estive a teu lado
Mesmo que não saibas
Que sou eu.

segunda-feira, março 05, 2007

Rota de colisão


Em rota de colisão,
Quando nos encontrámos,
Tememos a explosão
À qual nos entregámos.
Com palavras de afinidade,
Cresceu a nossa amizade
Mas com o tempo a afeição
Deu lugar a outra sensação.
Hoje desejas nunca me ter conhecido.
Cortei as tuas veias na sedução.
Querias antes ter adormecido
Em vez de estares nesta situação.
Sucumbiste aos meus encantos.
Tua alma perdeu-se nos recantos
Do desejo que eu agora te nego.
Ficaste incontrolavelmente cego.
Neste doce jogo de brincar com chamas,
Até chegaste a acreditar que me amas.

quinta-feira, março 01, 2007

Teia de versos


Teço neste espaço
- liberdade -
As palavras de um poema
Onde gotículas de orvalho
- magia -
Ganharão mil cores
Ao toque dos raios de Sol
- luz -
Fazendo emergir a beleza
Delicada dos reflexos
- sensibilidade -
Da teia de versos
Que o vento balança.