segunda-feira, dezembro 11, 2006

Devaneio


De devaneio em devaneio,
Vagueio em vão
No vão de um instante
Intermitente
Na minha mente
Que me mente.
Não sou vidente
É evidente
E o que me soa bem
Nem sempre tem
A verdade aliada.
Aliás, se verde há-de
Ser a esperança,
Vejo-a no azul do mar
E não nas folhas que caem.
Se estas palavras que saem
São como folhos do pensar,
Deixo-as aqui
Quietas
Inquietas.

sábado, dezembro 09, 2006

Toda a poesia é uma luz


Toda a poesia é uma luz
Mesmo aquela que parece obscura.
O seu conteúdo reproduz,
Da pureza da alma, a procura.

Se não encontrares essa luminosidade,
Abre o coração e volta a ler.
Deixa-te levar nas asas da liberdade
E a metamorfose das palavras irá acontecer.

Tocarás assim o inatingível
E senti-lo-ás a penetrar em ti.
Verás finalmente o invisível
E estremecerás por o encontrares dentro de ti.

Assim, o nevoeiro do quotidiano
Se dissipará em ventos de magia.
Todo o cheiro do mundano
Se perfumará de flores de simbologia.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

As palavras



As palavras iluminam
Florestas selvagens e frias.
São elas que criam
Largas e rápidas vias.

As palavras voam
Nos ventos de sonhos e fantasias.
São elas que cintilam
Com o amor e as alegrias.

As palavras ecoam
Nos corações e nas nostalgias.
São elas que cantam
A melodia das poesias.

As palavras magoam
Quando de autenticidade vazias.
São elas que cortam
As veias - gritantes agonias.

terça-feira, dezembro 05, 2006

Ver-te feliz


Para a minha filhota que hoje faz dois anos.

Queria poder
Pintar um arco-íris
Em cada céu que olhasses
E de rosas brancas perfumadas
Tapetar todos os teus caminhos;
Rouxinóis meliodosos
Das tuas janelas abeirar
Para da sinfonia do amor
Todos os dias te inundarem;
De sorrisos abertos e risos sinceros
Rodear-te a cada instante;
De mãos que guiam, que amparam, que acarinham
Dar-te o toque constante;
Palavras doces, palavras que elevam
Fazer ecoar ao longo da tua vida.
Ver-te feliz
É o que mais desejo minha querida.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Andorinha do amor





Sou andorinha do amor
E como tal preciso de calor.
Parto em busca de nova Primavera
Que num beiral está à minha espera.

Fujo para longe do frio
Do teu Inverno sombrio.
Preciso de voar mais além,
Mais alto e nada me detém.

Romântica ave,
Só do infinito preciso da chave.
Voo livre em busca da felicidade.
O meu limite é a eternidade.

quinta-feira, novembro 30, 2006

Dor crónica


Taciturnas nevralgias
Irrompem desenfreadamente
Como sanguinolentas barreiras,
Desconexas e alienadas.
E essa tortura, dor crónica,
Agrilhoa todas as vontades,
Os suspiros e gritos
Nos ventos e nas águas.
O fogo afoga-se nessas penumbras,
Mórbidas e devoradoras,
Sanguessugas venenosas
Que paralisam e estancam
A fonte da liberdade.
A mente, assim, sucumbe lentamente.
O eu perde-se.
Inânime, ganha-se a mediocridade.

quarta-feira, novembro 29, 2006

Seis botões


Entre a tua pele
E a minha pele,
Seis botões
São os grilhões,
Que da tua camisa de seda
Quero que me conceda
O prazer de observar,
Para depois tocar,
O teu corpo de deus,
Objecto de desejos meus.

Um a um,
Como é comum,
Os vou desabotoar
Para revelar
Dois outros botões
De prazer enrijecidos.
Dizes que as minhas mãos arrepiam.
Digo que eles me incendiam.
E, com a camisa no chão,
Sinto o palpitar do teu coração.

Assim nu perante mim,
A tua alma fica em frenesim.
Corpo a corpo, colados,
Na luxúria viciados,
Mãos sem obstáculos
Tornam-se tentáculos
Que nos aprisionam
E unificam
No mesmo calor,
No mesmo amor.

Agradeço ao homem e à mulher
Que conceberam o teu ser,
Pois é sedução
Em toda a sua perfeição.
Com os seis botões,
Guardas as emoções,
Revelando o pudor
De ter feito amor,
E é essa tua postura
A prova da tua ternura.

terça-feira, novembro 28, 2006

As pontes


Por vezes construo pontes
Entre o meu eu real
E o outro irreal
Reflectido nas fontes
De águas ideais.

E caminho com agitação
Entre duas margens
Pagando caro as portagens
Desta minha insatisfação
Nas escolhas transversais.

Queria encontrar a calma
Para sentir a plenitude
De encontrar a virtude
Que tranquiliza a alma
Das dúvidas existenciais.

segunda-feira, novembro 27, 2006

O chocolate



Demasiado chocolate eu comi.
As minhas ancas não servem de álibi.
A minha pele doce podes beijar.
Os meus ossos crocantes podes apertar.

Os meus peitos são dois bombons
Pralinados. Prova como eles são bons!
Neles despontam duas avelãs
Que podes trincar todas as manhãs.

Os meus lábios são um apetitoso pudim
Que quero que comas dia sim, dia sim.
A minha língua é o recheio escondido
De sabor intenso e desmedido.

O meu corpo todo podes saborear.
Sou sobremesa feita para amar.
O meu sangue é chocolate quente
Que tornas ainda mais ardente.

sábado, novembro 25, 2006

A cor da vida


Todos os poetas explicam o amor
Mas só em ti encontrei a sua definição.
Mostraste-me a rima que ilumina o coração,
Essa força que dá à vida a cor.

E, de cor em cor, um arco-íris pintamos,
Que abraça o instante e a eternidade,
Coroando a doce verdade
Das emoções que juntos vivenciamos.

E a vida assim corre leve e serena.
As chamas apagam-se no ardor do desejo.
Os suspiros silenciam-se na partilha do beijo.
Envoltos estamos pelo perfume da açucena.

sexta-feira, novembro 24, 2006

Novo amanhecer


Sonho um novo amanhecer
De alva paz para toda a humanidade.
Soldados de amor vão estabelecer
A lei do respeito e da fraternidade.

Muros de vegetação
Vão ser as nossas fronteiras
Coloridas pelas flores da coligação
Das crenças nas relações verdadeiras.

As palavras rimarão com tolerância.
Os verbos conjugar-se-ão com respeito
E finalmente daremos importância
Ao sopro da vida aninhado no nosso peito.

quinta-feira, novembro 23, 2006

Tortura de amor


Tu estás a me dilacerar.
Tu estás a me sufocar.
Tu estás a me matar
Com esse teu jogo
Em que eu sou o fogo
Que ateias
E presenteias
Para depois apagar
Quando estás a chorar
Por causa de um passado saudoso
E de um futuro ansioso
E, apesar da dor em que me morro,
Só a ti consigo pedir socorro
Para de novo me magoares
E meu coração aprisionares.
Não sei onde, nem quando, nem como vamos acabar
Mas desta tortura de amor não me consigo libertar.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Voar


Meu amor, vamos os nossos corações entrelaçar
Para na noite estrelada podermos voar.
Juntos, alcançaremos o brilho lunar
E não teremos medo de sonhar.
Vamos o espaço infinito arrebatar
Com a intensidade do nosso amar.
Os fios de ouro dos cometas não se podem comparar
Ao resplandecer da paixão que vamos transportar.

terça-feira, novembro 21, 2006

O verbo amar


Diz-me o que fizeste ao verbo amar?
Que nova conjugação inventaste
Que eu não consigo decifrar?
A sua raiz tu retiraste
Criando um radical
Provindo de um neologismo
Que só tu achas real
Mas que não passa de vão egoísmo.
Diz-me porque apenas a primeira pessoa
Do singular profere o verbo que criaste?
Porque nas suas sílabas ressoa
O teu ego que sempre alimentaste?
O verbo amar não pode ser indecifrável.
Tem de ser de entendimento universal!
Nele está a pronúncia afável
Das bocas que semeiam a bondade intemporal.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Jeito de amar


Amo como sei amar,
Nem melhor, nem pior do que outra mulher.
Amo com paixão.
Amo com desdém.
Amo com dedicação.
Amo como convém.
E se entre palavras e actos me contradisser,
Responderei com o meu jeito de amar,
Aquele que eu quero dar,
Nem sempre aquele que quero experimentar.

quinta-feira, novembro 16, 2006

A semente


Semente levada pelo vento,
No meu coração encontraste o alimento.
Com as tuas raízes te prendeste a ele
Para poderes crescer nele.
Misturaste -te com o meu ser
E acabaste por me preencher.
Floresceste dentro de mim
Com uma beleza sem fim.
Hoje, com os meus lábios perfumados,
Troco pólen em beijos apaixonados,
Contigo, meu doce e belo amado
Que nunca se sente saciado.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Verdadeiro amor


Amo-te como és, meu amor!
Do jeito que falas, que andas,
Do jeito que choras, que ris,
É assim que te quero meu amor!
Lago, rio ou mar,
Planície, monte ou montanha,
Sempre irei gostar de ti meu amor!
Na luz ou na escuridão,
Sejas vinho ou sejas pão,
Sem ti não sei viver meu amor!
Pedra ou bola de algodão,
Fósforo ou incêndio,
É de ti que preciso meu amor!
E, se um dia, alguém do nosso amor duvidar,
Mostrar-lhes-emos as folhas verdes da nossa árvore
Que alimentamos diariamente com amor.
E, se eles continuarem a olhar para o chão,
Verão a semente a crescer para um dia ser
Outra árvore nascida do verdadeiro amor!

terça-feira, novembro 14, 2006

Ao lado do teu corpo


Quando ontem, ao lado do teu corpo, me deitei,
Senti o teu calor na minha pele e me deleitei.
Depois, levantei-me ligeiramente para te observar
E mergulhei com a minha alma no teu olhar.
Os teus contornos, na minha praia, se transformaram.
Os teus olhos, o meu mar, se tornaram.
E assim, como num transe, mergulhei em ti
Querendo encontrar os tesouros guardados ali
No meio dos teus corais coloridos de desejo de amar.
Do tempo esquecida, não me cansei de procurar
Mesmo sabendo que tenho a vida inteira para descobrir
Todas as arcas escondidas que fazem a paixão ressurgir.
Como que hipnotisada, sobre a tua areia me estendi
E me entreguei. Foi um raio de Sol que senti
Dentro de mim. Raio de Sol cheio de calor,
Raio de Sol como ouro, raio de Sol anunciando a aurora do amor.
Foi isso tudo que eu senti e adorei
Quando ontem ao lado do teu corpo me deitei.

segunda-feira, novembro 13, 2006

Intensidade


A tempestade do teu discurso
Devastou o meu coração.
A tua alma, do meu rio seguiu o curso
E desaguou na minha alma com emoção.
As tuas lágrimas, meus olhos lavaram.
As tuas alegrias, minhas se tornaram.

Foi com essa intensidade
Que me revelaste o teu sentimento.
Fizeste-me ouvir a melodia da tua honestidade
E eu encontrei-me nesse momento.
A chuva serena não apagou as chamas.
Deste-me ondas que gritam que me amas.

Por ti renasci. A ti quero amar.
Afastarei as sombras do teu caminho.
Reflexos dourados de aurora quero te dar.
Em ti está o abrigo que acarinho.
A minha praia deseja a tua maresia.
A tua boca é aquela que me extasia.

Por vezes pareço um anjo de asas caídas
Mas na minha alvura escondo raios.
Nossas penas, juntos, serão vencidas.
Somente do amor somos lacaios.
Vem até mim, inunda-me com a tua luz!
O brilho dos teus olhos é o único que me seduz.

sábado, novembro 11, 2006

A sereia


Quero ser a sereia
Que te vai encontrar.
Quero ser a sereia
Que te vai fazer naufragar
Neste meu profundo mar
Que se chama amar.

Quero ser a sereia,
A única que te vai tocar.
Quero ser a sereia,
A única que te vai beijar
Nessa tua boca de desejar
Que me vais entregar.

Quero ser a sereia,
Até o mar acabar.
Quero ser a sereia,
Até deixares de respirar
Nestas águas de apaixonar
Que te vão abraçar.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Mar, mar


Mar, mar
A perder de vista.
Amar, amar
É a eterna conquista.

Deixo-me ir.
Não sei se volto.
Nas ondas a sorrir,
Alienada, me solto.

Devagar, devagar
Chego ao infinito.
O Sol a brilhar
Fica mais bonito.

O porto desapareceu.
Busco outro cais
No limite do céu
Onde sei que vais.

Se aí chegar,
Venci a tempestade.
Saberei amar
Com toda a honestidade.

Ondulo, vagueio,
Divago na imensidão
Até perder o receio
Da tua paixão.

Mar, mar,
Azul, verde, real.
Amar, amar,
Dos destroços nasceu o coral.

Desafio das manias

A Nene "apanhou-me".... e pediu para aceitar o Desafio das Manias.
Cada bloguista participante tem de enunciar 5 manias suas, hábitos muito pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. E além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher 5 outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogs aviso do "recrutamento". Ademais, cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blog.
Então aqui vai:
1º- não sair de casa sem antes pintar os olhos;
2º- publicar um post durante a manhã para me acompanhar ao longo do dia;
3º- usar bijutaria da cor da minha roupa;
4º- ter de estar em silêncio absoluto quando estou a ler;
5º- achar que já estou a falar demasiado acerca de mim!
Agora é a vez de:

terça-feira, novembro 07, 2006

As palavras


Já conheço o teu olhar,
Profundo como o mar.
Já conheço o teu abraço
Em que me enlaço.
Já conheço o teu beijo
Doce, quente, sobejo.
Nas palavras te conheci.
Nas palavras te senti.
Ando nesse teu mundo a viajar
Até teu rosto e corpo encontrar,
Sem máscaras, sem mentiras, devagar,
No silêncio perfeito que não pára de falar.
Duas almas sensíveis vão se cruzar
Deixando o amor puro as acarinhar.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Infinito amor


Dá-me os teus olhos! Quero enchê-los de magia!
Vou mostrar-te o brilho da luz guia.
As maravilhas da vida veremos num tapete voador.
O teu coração acalentarei com todo o meu ardor.
Não receies ternamente comigo sonhar.
É em ti que eu quero morar!
Vou construir um mundo de doce fantasia
De bolas de sabão levadas pela maresia
Com reflexos do arco-íris da felicidade.
Num indescritível sentimento de tranquilidade,
Vou criar um lugar precioso como diamantes,
Lapidados pela cumplicidade pura, onde seremos amantes.
O céu infinito será o fiel protector
Deste cristalino e também infinito amor.

sábado, novembro 04, 2006

O Inverno


O Inverno solitário se instalou.
As árvores frondosas estão a se despir.
O perfume envolvente das flores se dissipou.
As aves apaixonadas vão partir.

O lago, por um véu de mistério, fica coberto,
Escondendo fantasmas nas águas ondulantes.
O tempo lânguido como que fica encoberto,
Nublado, cinzento de memórias sibilantes.

A alma, nesse céu pesado, torna-se profunda.
A ligeireza da vida lentamente se afunda,
Enchendo-nos estaticamente de melancolia.

No espaço ecoam rumores inconstantes
De vozes, em despedida, desconcertantes,
Do calor do Sol e da sua terna melodia.

sexta-feira, novembro 03, 2006

A paixão


Olhos nos olhos,
Incendiados de paixão,
As nossas bocas em aproximação,
Línguas em danças de exploração,
Procuram a definição
De cada sensação.
Os corpos serpenteantes em explosão,
Os órgãos latejantes em exultação,
Mentes vagueando nessa perturbação
Física descontrolada em profusão,
Mais delirante que qualquer devastação,
Arrebentando a cada pulsação,
Nos arrepios da palpitação,
Na extasiante convulsão
Dos corpos em sobreposição,
Até ao momento da libertação
Da nossa escaldante fusão.

Olhos nos olhos,
Incendiados de paixão,
As nossas bocas em aproximação
Selam um beijo de satisfação.
Braços nos braços em junção
Adormecemos nesta bênção
De tu e eu estarmos em comunhão
Nesta harmoniosa imensidão
De desejos, prazeres e emoção.
E, descansados neste colchão,
Não receamos perder a razão
Pois nele consagramos a união
Dos corpos em adoração.
Esta é a nossa religião.
O amor é a nossa devoção.

quinta-feira, novembro 02, 2006

O entreacto



Porque tenho eu de viver
Todos os dias até morrer?
Porque não posso adormecer
E acordar quando bem me apetecer?

Convidaria um dia a morte
Para ter uma nova sorte.
O mundo, num instante, pararia
E num dia de Verão recomeçaria.

Numa pausa por mim escolhida,
Descansaria a minha esperança perdida
Para renascer com mais energia
E conviver comigo em harmonia.

Durante este meu suicídio consciente,
Tu estarias sempre presente
Para, quando eu de novo acordar,
Saber que não me esqueci de amar.

E se, neste entreacto da minha vivência,
Alguém sentir falta da minha existência
Dirás: "Ela apenas está a dormir
Para tranquilamente se reconstruir."

quarta-feira, novembro 01, 2006

Quando a noite cai lentamente


Quando a noite cai lentamente,
Ouço o teu violoncelo que chora
Na mão trémula que se demora
Nas cordas apaixonadamente.

E, cada nota que se solta
É uma lágrima de saudade que cai
E em orvalho se esvai
Na minha alma nele envolta.

Assim te sinto em melodia,
Melancólica como a Lua pálida,
Desejosa de sentir a mão cálida
Que em mim tocará a sinfonia.

Nos teus braços serei o instrumento
Que cantará vibrante de emoção.
A pauta será o fogo da paixão,
Harmonioso em cada momento.

terça-feira, outubro 31, 2006

A rosa


Rosa.Tu és a rosa
De pétalas delicadas,
Perfumada e formosa,
De graças encantadas.

Teu nome é Primavera,
Tuas folhas, esperança,
Doce e sincera,
Veludo e benquerança.

Versas a beleza,
Cantas o amor
Com toda a destreza,
Mostras o teu sabor.

Choras as dores
E a tua revolta.
Lágrimas, cem cores
Caem à tua volta.

Rosa. Tu és a rosa,
Aquela que eu escolhi.
Eternamente talentosa,
A felicidade do mundo para ti.

Este poema é dedicado à minha querida amiga Vera.

segunda-feira, outubro 30, 2006

A vida não é poesia


Quero esquecer a poesia.
A vida não é poesia.
A realidade é nua e crua
E o brilho da lua
Nem sempre inspira os apaixonados
Nem torna os desencantos prateados.

Quero esquecer a poesia.
A vida não é poesia.
A guerra não é um eufemismo.
A natureza não é um animismo.
A morte não se torna menos dura
Na melodia das rimas que perdura.

Quero esquecer a poesia.
A vida não é poesia.
As feridas não são rosas encarnadas.
As lembranças não são borboletas encantadas.
A chama iluminada do amor
Não queima o sentimento de dor.

Quero esquecer a poesia.
A vida não é poesia.
As lágrimas não são gotas de cristal.
A amizade nem sempre é um madrigal.
O nosso limite não é o céu.
A saudade não é um véu.

Quero esquecer a poesia.
A vida não é poesia.
Quero sentir friamente.
Quero pensar racionalmente.
Quero deixar de sonhar.
Quero apenas gritar.

sábado, outubro 28, 2006

O sabor



Bebo a tua doce poesia
Que desliza, me extasia,
Na minha boca sedenta
Da tua beleza ardente.

No meu corpo inebriado
Escorre o prazer letrado
Das tuas rimas de candor,
Dos teus versos de esplendor.

E se a minha boca tocares,
Com teus lábios me beijares,
Provarás ainda o sabor
Que deixaste do teu amor.

sexta-feira, outubro 27, 2006

Nós


Quero-te a ti.
O "Nós" entre nós vem lentamente,
Docemente.
O sonho é envolvente.
O sentimento é infinitamente
Puro em mim e em ti.

De coração apertado,
O "Nós" invadiu-me delicadamente,
Profundamente.
O desejo é adjacente.
O olhar é intensamente
Penetrante e enamorado.

Livre, de asas abertas,
O "Nós" viajou majestosamente,
Esplendidamente.
O amor é imanente.
O compromisso é idilicamente
Sentido nas emoções entreabertas.

quinta-feira, outubro 26, 2006

Para te amar

Fica aqui junto de mim.
Deixa-me sentir-te assim,
A minha mão na tua mão,
Unidas com emoção,
A fitar o horizonte,
Esse horizonte que é uma fonte
De sonhos e esperanças,
De desejos e benqueranças.
Juntos vamos olhar,
Juntos vamos imaginar
O sabor do amar
E vamo-nos soltar
Naquele abraçar.
Peito contra peito,
Tudo parece tão perfeito.
O tempo vai parar.
Nada nos pode separar.
A ti me vou entregar.
Em ti me vou abandonar
Sem medo, sem fim,
Tu dentro de mim,
Para te amar,
E amar,
E amar,
E amar,
Devagar...

quarta-feira, outubro 25, 2006

O desejo


Talvez seja loucura,
Talvez sonhe demais,
Mas desejo tua ternura.
Teus olhos foram fatais.

Quero sussurar ao teu ouvido,
Beijar docemente o teu pescoço
E, num suspiro comovido,
Do meu amor fazer-te um esboço.

Pelos teus braços envolvida
Serei rainha sem coroa.
Pelos teus beijos aquecida
Serei borboleta que voa.

E, se disseres que me amas,
Dir-te-ei que te amo também.
Nossas almas serão chamas
Com força para ir mais além.

terça-feira, outubro 24, 2006

O tempo


Os dias passam devagar.
Ao destino me vou entregar.
De que serve eu lutar
Se um dia tudo vai acabar?

Tento agarrar-me a alguma paixão,
Algo que me desperte a atenção,
Mas tudo escoa do meu coração
Por um buraco chamado desolação.

Por isso, se me quiseres amar,
Tens de depressa tudo aproveitar
Porque em breve me vou esvaziar,
Às sombras me vou entregar.

E quando vires este corpo sem emoção,
Pálido, gelado, despojado na abnegação,
Lembra-te que depressa os vermes virão
Para se alimentarem da sua condição.

segunda-feira, outubro 23, 2006

A porta


Sou daquele que me transporta.
Sou daquele que me suporta.
Estou no coração que comporta
O desejo que aporta.
Para ele nada mais importa
Mesmo quando, deste mundo, a espera o deporta.
Hoje, o átomo do amor se teletransporta
Desta minha vontade que se exporta.
Do meu coração abri a porta!

domingo, outubro 22, 2006

Quando a noite cai


Quando a noite cai,
Lânguida de melancolia,
Revivo a doce fantasia
Daquele amor que já lá vai.

Envolvida na tua magia,
Sussurro-te segredos insuspeitos,
Conto-te meus sonhos desfeitos
Ao som da lunar melodia.

Amante e doce confidente,
Testemunhas a minha solidão
Vazia do calor da paixão,
Saudosa do amor ardente.

És a minha companhia fiel,
Cúmplice dos gemidos mudos,
Dos meus discursos absurdos
Contra o mundo que me é cruel.

sábado, outubro 21, 2006

O amor metafórico


Não te quero sabendo que te quero
E, por querer-te, desejo nunca te ter.
Como funâmbula na corda da vida espero
Não cair na tentação que me está a absorver.
Nem sei porque é a ti que quero.
Talvez seja poesia o que está a acontecer,
Um amor metafórico
Que quer ser eufórico,
Um sentimento em que me morro
Porque não quero saber que te quero meu amor.

sexta-feira, outubro 20, 2006

O desenho


Amor,
Desenha-me do Sol o calor!
Amor,
Desenha-me da flor o odor!
Amor,
Desenha-me da carícia o candor!
Amor,
Desenha-me do beijo o sabor!
Amor,
Desenha-me da paixão o ardor!
Amor,
Desenha-me do sonho o esplendor!
Amor,
Desenha-me da vida o alvor!

O meu amor pegou numa folha de papel virgem e, com delicadeza, desflorou-a com traços
quentes,
perfumados,
ternos,
doces,
apaixonados,
brilhantes,
iluminados.

O meu amor desenhou...
um poema!

quinta-feira, outubro 19, 2006

A tua mão


Amor, perdoa os meus momentos de loucura!
Serena-me nos teus braços de brandura!
Preciso do teu colo para me sentir segura!
Preciso do teu calor para afastar a amargura!

Às vezes, deste mundo cruel desejo fugir.
Queria ter forças suficientes para conseguir
Dispersar esta núvem negra e descobrir
De novo a luz que um dia fizeste eclodir.

As memórias e as culpas me atormentam.
A tristeza e o cansaço em mim pesam.
No chão caio. A esperança e o sonho não levantam
E, derrotada, entrego-me às lágrimas que não secam.

Amor, por isso mais uma vez te peço perdão.
Só tu tens a força para me chamares à razão.
Deixa abrigar-me no calor da tua paixão!
Guia-me de novo para a vida com a tua mão!

quarta-feira, outubro 18, 2006

O beijo


Quero dar-te um beijo
Sem pejo.
Um beijo solto,
Maroto.
Um beijo molhado,
Apaixonado.

Quero dar-te um beijo
Sobejo.
Quero e dou.
Enfeitiçou.
Teus lábios despudorou,
Queimou.

Dei-te o beijo
Sobejo, sem pejo.
Tua boca adorou.
Desejou
Outro beijo,
Outro beijo,
Outro beijo
Que eu dou.

Minha boca decorou
Tua boca.
Desenhou
E quis,
Sem rodeios subtis,
Conhecer os ardis
Da tua língua
Sem míngua.

Língua na língua,
Lábios nos lábios,
O beijo aprofundou,
Saboreou,
Deliciou,
Excitou,
Extasiou,
Apaixonou.

O beijo beijou-nos,
Aprisionou-nos.
O beijo partilhou,
Emocionou.
O beijo
Que te dei.
O beijo
Que amei.

terça-feira, outubro 17, 2006

O segredo


Abraça-me como se não houvesse amanhã!
Abre-me como se eu fosse uma romã!
Devagar verás que escondo a doçura.
Prova-me e saberás o que é a ternura.

Despertarei em ti todos os sentidos.
Darei vida a todos os teus sonhos perdidos.
Não tenhas medo, para ti vou me despir.
Mais do que um corpo, verás o meu coração a sorrir.

E assim, um ao outro em entrega,
Num apetite insaciável que o desejo alega,
Descobriremos lentamente o prazer extasiante
Do encontro da tua fome e do meu segredo deleitante.

segunda-feira, outubro 16, 2006

A viagem de Ofélia

Ofélia, Salvador Dali


No clarear da aurora,
Nas brumas de outrora,
Ofélia afogou-se,
Ao rio entregou-se.

Tranquilos os dois,
Sem pensar no depois,
Deslizam sobre a vida
Numa entrega incontida.

Os teus cabelos espalhados,
Longos, loiros, deitados
Debaixo dos pinheiros do monte
Corriam como uma límpida fonte.

Como uma folha morta,
Tão serena e absorta,
O teu rosto tão pálido
Já não estava cálido.

E o teu branco vestido,
Molhado e indefinido,
Do teu corpo revelava a forma
Na transparente plataforma.

Ofélia assim partiste
E eu, só, fiquei triste.
A corrente te levou.
A água te purificou.

domingo, outubro 15, 2006

O luto


Como as folhas que se deixam cair,
A minha vida é um Outono de pranto.
Faço o luto de querer tanto
Que meus ecos consigas ouvir.

Nesta solidão não mais quero viver.
As minha emoções foram humilhadas.
E de nossas vidas partilhadas
Ficaram só lembranças do meu sofrer.

Por isso ao vento me vou entregar.
Ele que me leve para onde quiser.
Aceitarei serenamente o que me propuser
Para desses grilhões de mágoa me libertar.

sábado, outubro 14, 2006

O esboço


Grafismos de ideias
Esboçados no papel,
Como sangue nas veias,
Como carícia na pele,
Correm e deixam marcas
Em mim e em ti,
Desejam ser monarcas
E reinar por aí,
Até onde chegarem
Aos olhos do mundo,
Até onde tocarem
Nas emoções bem fundo,
E se mostrarem a realidade
Acreditemos com devoção,
E se não forem verdade
Viajemos na imaginação!

sexta-feira, outubro 13, 2006

O prazer


Tela
Tão bela
A tua pela
Tatuada na minha pele

Toca
Toca-me
Com tua boca
Até eu ficar louca

Paixão
Quente tensão
Passa tua mão
Acaricia a minha tentação

Prazer
Ter-te
No meu ser
Todo nu a estremecer

Orgasmo
Sem pasmo
Nem nenhum pleonasmo
Mas num intenso espasmo

quinta-feira, outubro 12, 2006

A noite



A noite, de mãos delicadas,
Esculpe a abóboda celestial,
Cria o trono do Universo divinal.

A noite, de mãos adornadas,
Enfeita o céu com diamantes,
Ilumina a Lua para os amantes.

A noite, de mãos de fadas,
Concede desejos de paixão,
Desperta a magia do coração.

quarta-feira, outubro 11, 2006

A tempestade


Perdidos no meio do negro mar,
Os marinheiros, com valentia, estavam a lutar
Contra a tempestade colossal que os queria afundar.

O navio vulnerável balançava nas ondas sem parar
E as vagas agigantavam-se para o inundar.

Todos estremeciam com o pavor de virar,
Pois o casco e o mastro estavam a estalar.

O vento, furioso, as velas violentadas tentava rasgar.

Instável, o leme já não se deixava governar.

Indo ao sabor do revoltoso mar,
Assim estavam aqueles homens a navegar
Vendo dolorasamente suas vidas a naufragar.

terça-feira, outubro 10, 2006

A inspiração


Como um alvo vértice de pureza
Que brota da fonte do coração
Mais límpido que qualquer devoção,
Bebo de ti toda a tua beleza.

E nessa bela e sublime grandeza,
Entrego-me à purificação
Das doces lágrimas da emoção
Que do meu ser se soltam em leveza.

Ó inspiração! A ti devo a vida!
Tua linda luz me fez renascer
Das cinzas onde eu estava escondida.

Tu! Tu és esse magnífico ser
Que me ajuda a sentir protegida
E o amor-próprio engrandecer.

segunda-feira, outubro 09, 2006

A chuva


A chuva cai
No meu coração.
Melancólico se esvai
Libertando a comoção.

Em tons de monotonia,
A minha alma pinto,
E a triste sinfonia
Retrata o que sinto.

Também chove lá fora
Pingas indolentes
E a natureza chora
Lágrimas ingentes.

A terra bebe o pranto
E absorve a dor.
Eu, involta no manto,
Entrego-me ao torpor.

domingo, outubro 08, 2006

A volúpia


Diluviano é o prazer que corre e escorre impetuosamente nos canais carnais do meu corpo suado, molhado, inundado e luxuriante de volúpia, contorcendo-se lascivamente na cadência da respiração ofegante e ofuscante que inebria em torrente o meu desejo sobejo.
No fim, arrastada e arrebatada pelas correntes tempestuosamente intensas da minha arrojada entrega, fico despojada de mim própria e repouso inerte e pacífica mas purificada, unificada e libertada.
Depois, virá a calmaria serena e amena que me disfarçará com as suas vestes de quotidiano social, formal, banal.
Tudo escondido.
Tudo contido.
Tudo seco.